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CRÍTICA AO LIVRO E FILME - ME CHAME PELO SEU NOME 🍑
Por Carolina Pedron - 1 MSI A | IFSVS
Imagens retirada da internet
“Me chame pelo seu nome” é um livro de romance escrito por André Alciman em 2007, que foi adaptado ao filme de mesmo nome em 2018 onde desde então vem conquistando o coração de muitas pessoas!
O livro a partir de seu lançamento infelizmente não teve muito sucesso, mas assim contrária o filme que ganhou vários prêmios, incluindo o Prêmio Independent Spirit de melhor ator e melhor fotografia, Prêmio GLAAD Media como filme marcante e foi indicado ao Oscar como melhor filme, porém ganhou como Melhor Roteiro Adaptado. Confesso que estava louca para fazer esta publicação, pois com certeza este é o melhor livro, e obviamente melhor filme, que consumi em meus pequenos 15 anos de vida.
A história se passa em um verão de 1983 em uma cidadezinha no norte da Itália. Somos apresentados ao Elio, um adolescente de 17 anos pouco sociável, mas que mesmo assim possui uma boa relação com mulheres, que passa boa parte de seus dias lendo, compondo e tocando música. Ele e sua família vão para sua casa na praia em todo o verão, e desde então possuem uma tradição de seu pai, um pesquisador e arqueólogo muito intelectual, de convidar um doutorando para passar as férias junto com a sua família e assim ensiná-lo e guiá-lo em sua trajetória.
Era lhe dado acomodação na casa e em troca o doutorando deveria ajudar o pai de Elio em seus trabalhos e escritas. Porém mal sabia Elio que neste ano não seria mais um senhor rabugento que iria ocupar seu quarto durante todas as férias.
Toda escrita do livro é narrada por Elio e logo na primeira página conhecemos Oliver, um escritor e filósofo de 24 anos que seria doutorando do ano. Oliver em seu total estilo é o típico garoto americano. Com uma sedução só sua, o bronze em dia e camiseta desabotoada, físico atleta e uma mistura de um charmoso e desleixado. Conseguimos perceber desde esta primeira cena como funciona a cabeça de Elio, e como sua a feição a Oliver vai se desenvolvendo.
O livro fala sobre nada mais nada menos que uma paixão de verão, uma paixão rápida porém muito intensa. E intensa é a palavra certa para descrever este livro. Toda essa obsessão e afeição de Elio é narrada nos mais mínimos detalhes, nós conseguimos sentir o interesse que, não é somente carnal mas sim, intelectual que Elio tem de Oliver e como isso chega a ser até meio lunático.
Mas também é muito interessante ver como a história trata sexualidade e o sexo em si como algo nada vulgar. Desde o começo Elio tinha um romance com Marzia, uma amiga da sua família, mas isso nunca o impediu de ter sentimentos por Oliver ao mesmo tempo. Conseguimos perceber a maneira como Elio tenta construir uma barreira entre ele e Oliver e onde várias cenas ele tenta ao máximo mostrar seus sentimentos por Marzia, para obviamente ninguém desconfiar de sua paixão secreta por Oliver, porém seu plano rapidamente fracassa pois de secreta não tem nada. O mais legal é ver como tudo se desenvolve em uma maneira tão natural e singela que ambos, Elio e Oliver, nunca se questionam se este sentimento é errado, se é verdadeiramente real, eles simplesmente só, sentem.
Não temo ao dizer que esta, sem dúvidas, foi uma das leituras em que mais pude me conectar com o livro e sentir todas as sensações que ele gostaria de passar ao leitor. É uma leitura muito rica, muito cheia de detalhes, muito cheia de sentimentos. Uma poesia para quem lê! Sentimos na pele como é o verão italiano, com sol queimando em sua pele, o cabelo salgado após horas de um banho no mar, os damascos e pêssegos frescos retirados do seu pé a poucos, as longas noites italianas passadas em pizzarias e bibliotecas. Entramos na cabeça de Elio, e temos uma grande noção de como é a sua paixão pelo Oliver. Sentimos que chega a ser uma paixão obsessiva, uma paixão psicopata. Vemos os seus sentimos totalmente expostos, totalmente a flor da pele. Cada toque, cada arrepio, cada emoção é narrada por páginas e de longe é algo cansativo, mas que sim algo que nos faz ficarmos mais estimulados a vermos no que esse amor vai se propagar.
No filme temos um elenco riquíssimo! Com Timothée Chalamet (Elio) que foi muito aclamado pela sua recém estreia no cinema tendo uma atuação tão perfeccionista em detalhes. Em sequencia temos Armie Hammer (Oliver) e Esther Garrel (Marzia). É simplesmente surreal a química que Timothée e Armie possuem, tanto que após assistir o filme é impossível ler o livro sem pensar nos dois. Mesmo com a diferença de idade, maturidade e personalidade foi possível construir uma ótima e sutil relação entre eles, e sem dúvidas são eles que entregaram um filme tão proporcionado e encantador.
O filme é uma arte! Sua cenografia não decepciona nada. Vemos a Itália em sua mais perfeita forma. Eu, uma descendente italianinha, fiquei completamente apaixonada por cada lugar e confesso que deu vontade de fazer as malas e experimentar um verão italiano.
Mas não era de se duvidar vindo de Luca Guadagnino, o diretor, que não deixa passar uma cena em que não nos sentíssemos em um museu repleto de artes e pinturas com as mais belas paisagens da Itália. Confesso que na primeira vez que olhei o filme fiquei um pouco confusa, pois não temos uma Imagem retirada da internet
breve apresentação aos fatos nem aos personagens,
é como se começássemos a ver a história no meio do caminho. Mas isso é o que me deixou mais apaixonada pelo filme, pois é como se estivéssemos vendo tudo como um participante da história. Posso dizer que ele é um filme quase que único. Não é um filme que tem explicitamente 3 atos divididos, não um possui uma incógnita a ser resolvida, sem mesmo um vilão e bonzinho. É só uma breve história de amor entre dois rapazes em um curto verão.
As artes também estão muito presentes neste filme! Um dos principais lugares retratados e que tem muita importância para a história, foi filmado em uma paisagem que inspirou uma das pinturas mais famosas de Monet. Também vemos as citações de muitos livros e músicas de artistas significantes para a época.
E falando em música eu certamente não poderia esquecer-se da trilha sonora, E QUE TRILHA SONORA MEUS AMIGOS! Várias músicas foram feitas sobre medida somente para o filme, e entre as mais famosas temos “Mystery of Love” e “Visions of Gideon” de Sufjan Stevens. Elas que possuem uma sutileza e delicadeza que retrata
Imagem retirada da internet exatamente a paixão de Elio e Oliver em sua letra e instrumental. Não consigo deixar de ver a Itália nessas músicas, recomendo muito para quem gosta de um toque mais calmo com grande pegada de piano.
Tendo em vista os aspectos mencionados, só tenho a dizer que acredito que Me chame pelo seu nome foi um marco para a literatura, para o cinema e até mesmo para a comunidade LGBTQIA+. Eu terminei ambos, livro e filme, em prantos e cheia de borboletas na barriga. É aquela história que você termina e fica uns 10 minutos olhando para o nada, somente refletindo sobre o que você acabou de olhar. Da vontade de viver, da vontade de sair em uma aventura e se apaixonar loucamente, mesmo a paixão mais simples que for.
Eu recomendo para quem quiser embarcar nesta história que comece pelo livro, sem dúvidas, pois ele abranda muitos mais detalhes que o filme, e conseguimos ter um desenvolvimento mais abundante e minucioso.
Mas por favor não deixe de olhar o filme também! Posso garantir a você que a vibe anos 80, o clima ensolarado Italiano, a fotografia e os personagens irão fazer você terminar com um mix de sentimentos.
"Existe uma lei em algum lugar que diz que, quando uma pessoa está completamente apaixonada pela outra, a outra deve inevitavelmente se apaixonar também.
Amor ch'a null'amato amar perdona.
Amor, que a nenhum amado amar perdoa,
palavras de Francesca no Inferno.
Espere e tenha esperança."
Imagem retirada da internet
(Claro que esta é somente minha opinião, e realmente acho que nenhum livro ou filme irá me passar os mesmos sentimentos que este. Mas talvez você não tenha a mesma experinêcia e não tem problema :)
*O filme está disponível na plataforma Netflix e você acha o livro a venda na loja Amazon.*